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Mobilização marca o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, criado em memória ao Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no Pará, há 25 anos. 

As partilhas de alimentos produzidos por famílias acampadas e assentadas da Reforma Agrária serão a marca do Abril Vermelho deste ano, no Paraná. As doações chegarão a pelo menos 14 cidades, em solidariedade a quem sofre com a falta de comida na mesa neste período em que a pandemia do coronavírus atinge números cada dia mais alarmantes. 

As mobilizações ocorrem em todo o Brasil e marcam os 25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando a Polícia Militar do estado do Pará assassinou 21 trabalhadores rurais Sem Terra e mutilou outros 69, no dia 17 de abril de 1996. A repercussão nacional e internacional do crime levou a definição da data como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. 

A solidariedade das famílias Sem Terra vai chegar nos quatro cantos de Londrina, com a doação de 20 a 22 toneladas de alimentos e 2 mil litros de leite, neste sábado, a partir das 9h. As doações vão chegar na Zona Sul, nos bairros União da Vitória, da Praça União IV, no bairro Cristal; e no bairro Franciscato; na Zona Norte, nos bairros São Jorge e Flores do Campo; na Zona Leste, no Jardim Califórnia; e na Zona Oeste, no Jardim Turquino, Maracanã e Londriville. 

As atividades terão de início com a benção dos alimentos às 9h, na  praça do União da Vitória IV, com o Padre Dirceu Fumagalli, pároco local. A ação é organizada em parceria com o movimento Levante Popular da Juventude, com setores da Igreja Católica, e a campanha Periferia Viva.  Todos os protocolos de prevenção à Covid-19 estão sendo seguidos para a realização das doações

Os alimentos doados são frutos do trabalho de famílias dos assentamentos Eli Vive, de Londrina; Dorcelina Folador, de Arapongas; Maria Lara, de Centenário do Sul; Florestan Fernandes, de Florestópolis; Iraci Salete, de Alvorada do Sul; e Barra Bonita, do município de Primeiro de Maio. Parte das doações também vem de camponeses que ainda lutam para permanecer nos territórios, que são os acampamentos Zilda Arns e Manoel Jacinto Correia, de Florestópolis; Fidel Castro, em Centenário do Sul; e Herdeiros da Luta de Porecatu, no município de Porecatu.  

Solidariedade permanente

As ações também reafirmam o papel da Reforma Agrária na produção de alimentos e a opção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em se solidarizar com o crescente número de pessoas que enfrentam a fome. Até o final de 2020, 19 milhões de brasileiros passavam fome e 116,8 milhões de pessoas, mais da metade dos domicílios no país, enfrentavam algum grau de insegurança alimentar. A pesquisa é da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), divulgada no início deste mês. 

As ações também cobram o direito à vacinação já para toda a população, o auxílio emergencial de R$ 600 reais para as pessoas sem renda e o impeachmentdo presidente Bolsonaro, por agir de forma desastrosa e negligente diante da pior crise sanitária da história do país.

José Damasceno, integrante da direção estadual do MST, relaciona a ação dos camponeses e camponesas com a situação de emergência pela qual o Brasil atravessa, em grande medida por responsabilidade direta do governo federal: “Estamos sofrendo com essa segunda onda da pandemia, que está gravíssima. Muitas pessoas estão perdendo a vida, muitas estão perdendo o emprego por conta da crise econômica, e por isso estamos com a campanha nos quatro cantos de Londrina”.

Desde abril de 2020, mais de 533 toneladas de alimentos foram partilhadas em todo o Paraná, com a participação de milhares de agricultores e agricultoras da Reforma Agrária. Parte destas famílias Sem Terra ainda luta para garantir o direito de permanecerem nas áreas onde moram, produzem alimentos e garantem condições dignas de vida. Mais de 52 mil refeições também já foram partilhadas em Curitiba pela ação Marmitas da Terra, coordenada pelo Movimento. 

“Nossos assentamentos e acampamentos têm feito produção coletiva e individual específica para manter as ações de solidariedade para as pessoas que mais sofrem”, explica Damasceno, se referindo às hortas, lavouras e agroflorestas comunitárias mantidas pelas comunidades ao longo dos últimos meses.  

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