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O projeto de uma equipe de arquitetos e paisagistas londrinenses organizado através de uma parceria entre os escritórios UABI Arquitetos e Raul Marques Paisagismo levou Menção Honrosa após ser finalista no Concurso para a implantação do Ecoparque Itaipu, na área de 114 hectares ao largo do Arroio Jupira, na Vila A, em Foz do Iguaçu. O concurso é uma promoção da Itaipu Binacional, com a realização do Instituto de Arquitetos do Brasil (Departamento do Paraná – IAB/PR) e apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR.

Com um escopo complexo, o programa para o Ecoparque envolve cinco áreas diferentes e inclui soluções arquitetônicas, paisagísticas, de trilhas, trajetos e pontos de estar e parada para seus 1.175.000 de metros quadrados no vasto terreno preservado pela Itaipu, com a aplicação tecnológica e sustentável de um Ecoparque 5.0. No coração de Foz, o terreno para a implantação do parque é uma mata vegetativa densa cercada pelo habitar, trafegar e existir urbano, atravessada pelo córrego Jupira.

O concurso recebeu um total de 21 inscrições de oito estados brasileiros (PR, RS, GO, ES, MS, RJ e SC). De todos os inscritos, 14 apresentaram propostas que passaram por uma primeira fase de avaliação conceitual. Os autores das cinco melhores propostas foram convidados a realizar um detalhamento para o julgamento final.

O edital dividiu o terreno de projeto em uma primeira área receptiva e de convivência (Área 1); uma vivência sensorial de pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista - TEA (Área 2); a trilha de tratamento de mobilidade reduzida e PcD (Área 3) e trilhas com atividades ambientais e de modalidades de obstáculos voltados para a prática esportiva de montain bike (Áreas 4 e 5).

Os jurados analisaram individualmente as cinco propostas finalistas e decidiram dar Menção Honrosa para o projeto da parceria UABI Arquitetos e Raul Marques Paisagismo, de Londrina, por unanimidade.

O projeto dos londrinenses teve como ponto de partida o olhar atento à natureza. Quem recepciona os visitantes ao caminhar é a borboleta-azul (myscelia orsis), a mensageira da floresta. Tanambi, assim nomeada pelo povo ava-guarani (ñandeva) - originários do local -, evidencia a necessidade de aguçar o potencial observador que há em cada um de perceber o presente. Cientificamente, a mensagem da borboleta é a de vida e, tomando partido de sua licença poética, abrem-se portais para a fluidez, ludicidade e transformação.

Foram aplicados princípios de sustentabilidade e de uma cultura permanente de distribuição de energia que se retroalimenta, olhando para toda a área de forma sistêmica e buscando na própria natureza as formas e maneiras de equilibrar todo o complexo. A partir de um estudo minucioso do ecossistema da Mata Atlântica e de tipologias de plantas originárias do Paraná, a equipe propôs wetlands paisagísticas, jardins verticais, biodigestores, espelho d’água com biofiltragem, jardins sensoriais, espaços de transição e vasta arborização - indispensável para desenvolvimento, manutenção e evolução saudável do ecossistema já existente e que se pretendeu compor para o Ecoparque.

O projeto arquitetônico propôs a construção de edifícios que agregam o espírito do lugar, entendendo como o espaço e as origens proporcionam a criação de uma arquitetura contemporânea, sustentável e harmoniosa com a natureza, sem perder de vista o teto orçamentário e a racionalidade construtiva. Foram perpassadas questões como água e materialidade, espaços de reunião de pessoas e espaços educativos, fluxos e trajetos interligados com espaços externos e, claro, vista e contato direto com a mata.

Os principais elementos construídos do projeto foram organizados em dois blocos, criando um eixo “urbano” que norteia a paisagem e libera espaço para que o centro da Área 1 (receptiva) fosse ocupado pelas atividades esportivas e trajetos contemplativos. Cada um dos blocos arquitetônicos foi projetado elevado do chão, liberando a vista para paisagem local mesclada ao projeto paisagístico e dando a impressão de flutuarem na água. Tal estratégia é resultado de uma ação de pesquisa em estruturas leves com madeira engenheirada em parceria com o consultor prof. Jorge Daniel do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UEL - Universidade Estadual de Londrina.

Como um dos elementos pilares, a água neste projeto foi pensada para abarcar diferentes soluções, desde suas ferramentas e métodos de manutenção, assim como o potencial de sobrevida para a imersão na natureza, abrangendo proposições que não dependessem de tratamento químico e se inserissem nas discussões contemporâneas de baixo impacto poluente com base das Soluções baseadas na Natureza (SbN). Dessa forma, os arquitetos e paisagistas londrinenses propuseram um espelho d'água natural com biofiltragem circundando a maior parte dos trajetos da Área 1. Este percurso entre as águas permite o uso concomitante de ciclistas e pedestres desde a entrada até o perímetro do bosque e a Praça dos Portais, onde os caminhos se abrem para outras formas de experimentação sensorial do parque.

A Área 2, denominada “Espaço Sensorial”, foi pensada especialmente para atender visitantes portadores do transtorno do espectro autista – TEA. Para tanto, foram atendidas as necessidades do espectro em ambientes fechados a partir da composição de um programa inovador, que traz a experiência do lúdico, sensitivo e protetivo para os usuários e seus acompanhantes. Os percursos internos deste perímetro foram projetados de maneira a incluir os três níveis de suporte do TEA. Desta forma, a trilha se desenvolve sucessivamente ao demais suportes, sendo proposto um menor e individual percurso de suporte severo até o maior trajeto para o suporte leve. O trajeto também propôs alternativas com atalhos e espaços de acomodação durante as crises de hipersensibilidade.

Para as trilhas das demais áreas, a equipe propôs uma gama diversa de atividades para os diferentes modais de tráfego, desde o ciclista a pessoas com ou sem limitações físicas. Obstáculos de montain bike, soluções projetuais alinhadas com alta tecnologia, biotecnologias voltadas para o desenvolvimento educativo, experimentação alternativa dos espaços físicos e metafísicos da realidade virtual são algumas das propostas apresentadas com o intuito de atrair e alimentar o forte turismo de Foz do Iguaçu. 

A comissão julgadora do concurso foi composta pelos arquitetos e urbanistas Mirna Cortopassi Lobo e Alessandro Fila Rosaneli, Henrique Gazzola de Lima, da Divisão de Projetos da Itaipu, pelo arquiteto e paisagista Orlando Busarello e pelo biólogo Ariel Scheffer da Silva, superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu.

A proposta vencedora, do escritório paranaense Mendes e Prevedello, vai receber um prêmio de R$ 60 mil. O segundo lugar, do escritório Figueroa Arquitetura e Urbanismo, de São Paulo, recebe R$ 40 mil e o terceiro, do escritório Junge e Belli Arquitetura, de Santa Catarina, recebe R$ 20 mil. A outra Menção Honrosa foi para a proposta do Studio Zeroum, de Foz do Iguaçu/PR.

A premiação, inicialmente programada para ocorrer no dia 14 de abril, foi adiada por conta da troca de Diretoria da Itaipu e deve ser divulgada nos próximos dias.

Responsável técnico: Louisa Savignon – arquiteta sênior

Coautores: Raul Marques – paisagista sênior; Alana Minakawa – arquiteta e paisagista júnior; Matheus Araújo – arquiteto e paisagista júnior; Pauline Seifert – arquiteta e paisagista júnior;

Ricardo Heim Lonien – arquiteto e paisagista júnior; Larissa Agnelo – estagiária.

Colaboradores: Vanessa Lacerda – designer e Fatima Savignon – arquiteta e urbanista sênior

Consultores: Clóvis Brighenti – professor (UNILA) e historiador; Jorge Daniel de Melo – professor (UEL) e arquiteto; Jasmine Reigota – psicóloga e especialista em neuropsicologia aplicada ao espectro autista (CBI Miami); Edson Amaurilio – ava tupã mirim do povo guarani ñandeva; professor e mestre em línguas indígena (UFRJ)

O projeto foi uma parceria e realização dos escritórios UABI Arquitetos (www.uabi.com.br e instagram @u.a.b.i) e Raul Marques Paisagismo (instagram @raulmarquespaisagismo). A equipe é em sua maior parte composta por egressos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEL - Universidade Estadual de Londrina.

Asimp/UABI Arquitetos

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