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As vagas são para quem tem Alzheimerem estágio inicial ou moderado.  Pessoas com comprometimento cognitivo leve por outras causas também podem se inscrever.

O Instituto Não Me Esqueças(INME), associação sem fins lucrativos que atua em Londrina desde 2017 pelo direito das pessoas com demência e seus familiares,está com inscrições abertas para participação emoficinas de terapia cognitiva doPrograma CAPAz– Cuidadoe Apoio a Pessoas com Alzheimer.

O programa foi desenvolvido para atender pessoas que vivem com Alzheimer ainda em estágio inicial ou moderado, mas pessoas com outros tipos de problema que causam comprometimento cognitivo leve também podem participar. 

Oserviço é totalmente gratuito e as atividades são realizadas no campus da UniCesumar (Avenida Santa Mônica, 450).

A programação inclui música, pintura, jogos eexercícios físicos para estimular asfunções cerebrais. O propósito é a melhora na capacidade cognitiva e na qualidade de vida de pessoas com Alzheimer.

Durante as oficinas cada participante deve estar acompanhado de um familiar ou outro cuidador. Feita a inscrição, a equipe do Não Me Esqueças entra em contato para agendar a acolhida, indicando as melhores atividades para cada caso.

Os interessados podem se inscrever acessando oformulário online, https://forms.gle/WpyukeRDpVti4uZu9 ou por meio de encaminhamento médico.

A professora Elaine Fernandes Mateus, presidente do INME, explicaporque éimportante estimular pessoas com Doença de Alzheimer ou outros tipos de demência.

“Pessoas ativas, que conseguem se manter engajadas em atividades, tendem a preservar por mais tempo suas funções e memória. O importante é que as atividades sejam agradáveis e dentro da capacidade de cada um, isto é, não sejam nem muito fáceis e nem difíceis demais, tenham um propósito e proporcionem bem-estar, valorizando sempre o resultado. Sabemos que a estimulação é uma poderosa intervenção não medicamentosa e que, em alguns casos, funciona melhor do que os próprios remédios.”

Oficinas

As oficinas são realizadas em quatro dias da semana. Às segundas-feiras, terças-feiras e quintas-feiras, no período da tarde, das 14 às 18horas. E às quartas-feiras, das 8 horas da manhã ao meio-dia.

A frequência (uma ou mais vezes por semana) é definida caso a caso.

O atendimento começou em abril deste ano com uma equipe formada por uma psicóloga, uma pedagoga e um fisioterapeuta. O programatambém oferece acolhimento familiar, orientação individualizada, palestras educativas e grupos de apoio.

“É uma experiência muito gratificante poder ofertar atividades com objetivos de estimulação cognitiva, socialização e afeto. Certo dia ouvi de uma familiar que diante do Alzheimer a gente só perde.  É verdade que ainda não podemos vencer a doença, mas é possível e importante gerar momentos de bem-estar, sorrisos e memórias afetivas.”Aline Monteiro, psicóloga no INME.

“Eu adoro trabalhar no CAPAz, pois aprendo muito sobre a vida, amor, amizade, companheirismo, e sobre a doença de Alzheimer. Cada pessoa está em um estágio da doença e reage e se comporta de um jeito diferente.”Maria Helena Pelegrino, pedagoga no INME.

Cuidadores

Para participar das oficinas é obrigatório estar acompanhado de um familiar ou outro cuidador responsável. Todos são envolvidos nas atividades e os relatos são muito positivos.

“Para mim, está sendo muito bom. Eu andava triste, não tinha vontade de nada. Comecei a vir nas oficinas, fui me acostumando e agora eu sinto falta. Vou contando os dias pra voltar aqui, pra chegar logo.”Mafalda, participante.

“Adoro levar minha avó. Ela se ilumina quando participa das atividades e adora a atenção que recebe dos outros participantes e dos organizadores, principalmente do Guilherme (fisioterapeuta), que é o xodozinho dela. É um dos poucos lugares em que a atenção é focada totalmente nela, em como facilitar a interação dela com o mundo, fazendo-a se sentir bem e importante, independentemente de suas dificuldades de memória e físicas. Algumas vezes quando chegamos em casa, ela se esquece que participou do grupo. Contudo, aquele sentimento de alegria fica com ela, ela interage mais, notamos que ela está mais curiosa e até a letra dela melhorou um pouco.”Andrea, acompanhante da avó.

“O Instituto Não Me Esqueças é muito bom. Faz com que as pessoas se sintam incluídas, tanto ao participarem das atividades como quando interagem entre si. Estamos gostando muito de levar minha sogra para as oficinas. Sinto que ela fica feliz e isso para nós é gratificante. São pessoas especiais que estão envolvidas e fazem com que os participantes tenham uma melhor qualidade de vida.”Joana, acompanhante da sogra.

“O programa CAPAz foi indicado pela médica que cuida do meu esposo. Foi uma bênção para nós. Meu marido não tem atividade nenhuma em casa, então participar das oficinas é muito bom para ele e para mim também. Eu arejo a cabeça, conheço gente, é muito importante para nós dois. Só tenho a agradecer ao projeto.”Aparecida, acompanhante do marido.

“Hoje vejo o sol clareando minha mente, onde estava escuro agora vejo luz! Agradeço muito a médica ter encaminhado minha mãe ao projeto CAPAz e ao Instituto Não Me Esqueças. Ela está radiante e cada dia mais feliz! Só gratidão.”Nadir, acompanhante da mãe.

Parceiros

O CAPAz conta com apoio da Secretaria Municipal da Pessoa Idosa, da UniCesumar e da Universidade Estadual de Londrina. Os recursos são do Fundo Municipal da Pessoa Idosa, por meio de termo de fomento com a Prefeitura Municipal de Londrina, bem como de campanhas de financiamento coletivo realizadas pelo Instituto Não Me Esqueças.

Instituto Não Me Esqueças

Um caso de Alzheimer na família levou Elaine Fernandes Mateus, professora do curso de Letras da Universidade Estadual de Londrina, a se tornar uma das fundadoras do Instituto Não me Esqueças.

Nesta entrevista, a presidente do INME, conta um pouco da história da associação, do desamparo de famílias de pessoas com demência e dos objetivos do Programa CAPAz.

-  Qual foi a motivação pessoal para se envolver no atendimento a pessoas com demência?

Elaine Fernandes Mateus-Em 20012, minha mãe foi diagnosticada com Doença de Alzheimer. No início, não queria falar sobre isso ou mesmo pensar sobre o que significaria pra ela e pra nós termos que passar por esse processo. Mas, na medida em que ela iniciou os medicamentos e foi ficando apática, achei que deveria fazer alguma coisa. Fui buscar toda informação que pude e percebi que quase não havia serviços ou mesmo apoio aqui no Brasil, comparando a outros lugares e experiências que eu visitei, pela internet. Então, achei que deveria compartilhar o que estava aprendendo. Fiz contato com o Grupo de Estudos Sobre Envelhecimento, da UEL e com pessoas de uma comunidade religiosa. Em 2015, realizamos palestras e ações em setembro, mês mundial da conscientização sobre Doença de Alzheimer.

- Como a ideia de criar uma organização para apoiar pessoas com Alzheimer e suas famílias virou realidade?

Elaine Fernandes Mateus-Na medida em que esse projeto crescia e ganhava espaço em Londrina, surgiu a necessidade de que fundássemos uma entidade pra que, assim, pudéssemos buscar recursos financeiros e mais recursos humanos também. Em março de 2017 fundamos, então, o Instituto Não Me Esqueças, como o mesmo nome da primeira ação que fizemos em 2015.

- Quais são as principais dificuldades relatadas por famílias de pessoas com demência em Londrina?

Elaine Fernandes Mateus-Há muitas dificuldades de acesso desde o diagnóstico até serviços multidisciplinares e de apoio. Pode-se levar até mais de um ano para se ter o diagnóstico. Há poucos geriatras, neurologistas e psiquiatras na rede pública do município e nem sempre os agentes comunitários de saúde, membros dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) ou mesmo médicos e médicas que atendem na atenção primária têm conhecimento e sensibilidade para realizar os encaminhamentos necessários. Depois, vem a lacuna pós-diagnóstico.

- Como o Programa CAPAz contribui para o enfrentamentos dessas dificuldades?

Elaine Fernandes Mateus-O Programa CAPAz surge exatamente para atuar nesse espaço e oferecer às pessoas com diagnóstico de Alzheimer ou outros tipos de demência e seus familiares acolhimento, orientação e suporte. No CAPAz, nós trabalhamos com oficinas de estimulação cognitiva, sensorial, emocional e social, além de termos grupos de apoio para os familiares compartilharem suas experiências, sentimentos e dúvidas. Também uma vez ao mês oferecemos uma palestra em que um profissional ou uma profissional convidada aborda temas relativos à Doença de Alzheimer. Essa iniciativa desenvolvemos em parceria com o Grupo de Estudos Sobre Envelhecimento e com a Associação Médica de Londrina.

- Qual a importância de manter ativas as pessoas com Alzheimer?

Elaine Fernandes Mateus-As atividades de estimulação para pessoas com Doença de Alzheimer ou outros tipos de demência são muito importantes porque ajudam a manter as capacidades cognitivas por maior tempo e trazem qualidade de vida. Pessoas ativas, que conseguem se manter engajadas em atividades, tendem a preservar por maior tempo suas funções e sua memória. Há várias maneiras como isso pode ser feito. O importante é que as atividades sejam agradáveis, estejam dentro de suas capacidades, isto é, não sejam nem muito fáceis e nem difíceis demais, tenham um propósito e proporcionem bem-estar, valorizando sempre o resultado. Sabemos que a estimulação é uma poderosa intervenção não medicamentosa e que, em alguns casos, funciona melhor do que os próprios remédios.

- Após 3 meses de trabalho, como vocês avaliam os primeiros resultados?

Elaine Fernandes Mateus-O CAPAz tem se revelado um espaço de transformação para muitas pessoas. Os relatos que ouvimos todos os dias nos contam que as pessoas que participam sentem-se abraçadas e estimuladas ao convívio. Em especial, as pessoas que vivem com Alzheimer se mostram seguras, confortáveis em estar ali e participativas o tempo todo. Os familiares relatam que nos dias em que participam do CAPAz, elas também ficam mais felizes e participativas em casa, demonstram maior motivação para fazer as coisas e interagem mais. Mais do que o estímulo cognitivo, o CAPAz oferece um ambiente seguro, acolhedor e muito humanizado que permite que todas as pessoas, aquelas que vivem com Alzheimer e também seus familiares, criem novos laços de amizade e vida social; tão fundamental para o nosso bem-estar mental.

Dados sobre a doença de Alzheimer

Fonte: FEBRAZ (Federação Brasileira das Associações de Alzheimer)

A estimativa da Organização Mundial de Saúde é de que aproximadamente 55 milhões de pessoas no mundo vivam com algum tipo de demência.

No Brasil quase 2 milhões de pessoas com algum tipo de demência. Somente uma em cada 3 pessoas recebe o diagnóstico

O custo médio mensal da demência no Brasil, estimado em 2015, era de aproximadamente US$17,000.00 por pessoa/ano.

Os custos indiretos da Doença de Alzheimer podem representar até 169% da renda familiar dos brasileiros.

Estigma e falta de informação são questões cruciais. A maioria das pessoas, inclusive profissionais de saúde acreditam que a demência é parte normal do envelhecimento.

Analfabetismo e diversidades econômicas ao longo da vida foram associados à maior prevalência de demência entre idosos.

Em 2020, o Brasil ocupou a última colocação no estudo que investigou a capacidade de 30 cidades de responder à demência.

Christina Mattos/Asimp

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