Projeto “Abelhas sem Ferrão” estimula consciência ambiental nas escolas municipais
Por meio da criação racional de abelhas sem ferrão, alunos e professores são sensibilizados sobre a importância da preservação das abelhas e da biodiversidade como um todo
As abelhas indígenas, popularmente conhecidas como abelhas sem ferrão, são excelentes instrumentos de conscientização ambiental para as crianças e de estímulo ao uso sustentável dos recursos naturais. É com este objetivo que a Secretaria Municipal de Educação (SME) executa o projeto de educação ambiental “Abelhas sem Ferrão” em unidades escolares da rede, por meio de uma parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL).
A criação racional de abelhas sem ferrão é chamada de meliponicultura. De acordo com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), além de permitir a produção de diversos tipos de mel, a atividade contribui para a conservação das diferentes espécies de abelhas e para ampliar os serviços de polinização de plantas, inclusive de muitas culturas agrícolas. Devido a estas espécies terem seu ferrão atrofiado, estas abelhas costumam ser dóceis e não representam risco aos humanos.
Ainda segundo a Associação, há mais de 500 espécies de abelhas sem ferrão no planeta, das quais cerca de 250 são encontradas no Brasil. As mais conhecidas são: jataí (Tetragonisca angustula), mandaguari (Scaptotrigona depilis), guaraipo (Melipona bicolor), jandaíra (Melipona subnitida), mandaçaia (Melipona quadrifasciata), tiúba (Melipona fasciculata) e uruçu (Melipona scutellaris).
O projeto “Abelhas Sem Ferrão” é desenvolvido na Rede Municipal de Ensino de Londrina desde 2022. Através dele, é feita a implantação de colmeias de abelhas nativas sem ferrão em escolas municipais; a implantação de jardins aromáticos que contemplam plantas apícolas (plantas interessantes para as abelhas para a coleta de recursos); palestras ministradas pela professora Silvia Helena Sofia e estagiários do Departamento de Biologia da UEL, entre outras ações.
Para a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, o Abelhas Sem Ferrão é uma das ações de educação ambiental mais importantes da rede. “Na educação ambiental, aborda-se o cuidar do outro, a produção de alimentos, e com este projeto a criança tem a oportunidade de ver tudo isso acontecendo no quintal da escola”, enfatizou.
O engenheiro agrônomo da SME, Paulo Roberto Guilherme, e a professora do Apoio Pedagógico de Ciências da secretaria, Cristina da Silva Borba, são responsáveis pela elaboração e implementação do projeto na Rede Municipal. “O projeto tem sido adotado em algumas unidades escolares devido aos inúmeros benefícios que proporciona para o aprendizado e sensibilização dos estudantes sobre a importância das abelhas e da preservação do ambiente. O objetivo é informar e sensibilizar estudantes e professores da Rede Municipal sobre a importância da preservação das abelhas e da biodiversidade como um todo”, disse a professora Cristina da Silva Borba.
A professora Silvia Helena Sofia, do departamento de Biologia da UEL, ressaltou que atualmente o mundo todo sofre, comprovadamente, com declínios nas populações de abelhas devido ao desmatamento, uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura, poluição, aquecimento global, avanço da urbanização sobre florestas nativas, entre outras causas decorrentes de ação humana na natureza. “Assim, projetos como o do ‘Abelhas Sem Ferrão nas Escolas’, que por meio da educação ambiental visam conscientizar as crianças sobre a importância destes insetos, são de extrema importância. Através deste projeto, as crianças tornam-se agentes multiplicadores na sociedade, disseminando informações sobre os riscos ambientais a que as abelhas estão expostas, atuando como novos ‘guardiões’ destes importantes polinizadores na comunidade. Portanto, considero o projeto uma excelente iniciativa da Secretaria Municipal de Educação”, afirmou.
Unidades escolares
Atualmente, as escolas municipais comprometidas com a proposta são: Maestro Andrea Nuzzi; Maestro Roberto Pereira Panico; e Noêmia Alaver Garcia Malanga.
Na escola Noêmia Alaver Garcia Malanga, o projeto foi implantado em abril deste ano por meio da instalação de colmeias de abelhas jataí, mandaçaia e mirim droryana. O trabalho faz parte do “Espaço Vida”, ambiente pedagógico que aborda questões ligadas à natureza e ao meio ambiente, onde está instalado o “Jardim dos Aromas”, que contém plantas medicinais, aromáticas e condimentares e árvores nativas e frutíferas.
De acordo com a diretora da escola, Arlette Adriana Carrero, o trabalho pedagógico com esse tipo de abelha trouxe à tona a questão da polinização. Esse processo natural garante a fecundação das flores das plantas e, consequentemente, a produção de frutos e sementes responsáveis pela alimentação e a organização social desses insetos. “Com este trabalho, os alunos podem compreender como se dá a produção do mel, a vida comunitária das abelhas, a divisão do trabalho, e a sua importância para o meio ambiente. Com isso, criamos uma oportunidade de sensibilizar os alunos sobre a importância do meio ambiente e incentivar a comunidade escolar a construir espaços de aprendizagem com o plantio de espécies vegetais e manejo de abelhas sem ferrão”, disse.
Segundo a diretora, 215 alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental atuam diretamente no espaço, todavia o projeto atende todos os 670 alunos da unidade, os quais participam com sugestões e produções de trabalhos que são aproveitados para enriquecer o espaço. Os alunos são orientados pela professora Elisângela Gil que, além de ensinar, lidera professores e alunos no cuidado com o “Espaço Vida” e o “Jardim das Abelhas”.
Na Escola Municipal Maestro Roberto Pereira Panico a inciativa foi implantada por meio do projeto “Polinização Consciente”, desde 2022, e já atendeu 450 alunos. A escola conta com apoio do apicultor Alexandre Santos de Souza, do Colmeias do Brasil, e é guardiã de três espécies: jataí, mandaçaia e mirim droryana. Atualmente, 184 alunos do 1º e 2º ano participam do projeto.
Já na Maestro Andrea Nuzzi ele acontece através do “Jardim das Abelhinhas”, cultivado pelos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental. As abelhas sem ferrão foram disponibilizadas por um pai pertencente à comunidade e também tem a parceria da SME e UEL. Na unidade, as abelhas têm um papel fundamental em todas as ações da escola e a espécie cultivada é a jataí.
Além dessas três unidades escolares, o projeto deve ser estendido para mais 12 escolas municipais, pois a SME foi selecionada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e vai receber verba para instalar as colmeias em mais escolas. O CPNq é uma entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para incentivo à pesquisa no Brasil.
A Secretaria Municipal de Educação foi contemplada na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) de 2023, Linha B – Eventos de Abrangência Intermunicipal (resultado preliminar). O resultado final sai no dia 20 de setembro e, em novembro, a SME vai anunciar as unidades escolares que irão compor o projeto.
Mais informações sobre o projeto “Abelhas sem ferrão” podem ser obtidas no site da Secretaria Municipal de Educação (clique aqui).
NCPML
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