Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Em 22 de março, também é celebrado o Dia do Engenheiro Hídrico e do Hidrogeólogo, profissionais que atuam na análise e monitoramento do bem mais importante para a vida no planeta

No último trimestre de 2021, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou que os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste, que geram 70% da energia do país, operavam com apenas 19,59% da capacidade. Segundo o ONS, trata-se da pior crise hídrica registrada no Brasil, em 91 anos de monitoramento das bacias hidrográficas do país. A partir da Resolução nº 492/2006 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), os engenheiros hídricos passaram a ter essa atribuição, entre outras.

O Dia do Engenheiro Hídrico e do Hidrogeólogo é comemorado no dia 22 de março, mesmo dia em que é celebrado o Dia Mundial da Água. Não se trata de uma coincidência. Esses profissionais carregam a responsabilidade de gerar o bem mais precioso do planeta. Além do monitoramento das bacias, os engenheiros hídricos atuam em setores ligados à produção de energia elétrica.

No Estado, atualmente, há seis engenheiros hídricos registrados. E um hidrogeólogo: o conselheiro do Crea-PR PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) Abdel Hach, geólogo e especialista em Hidrogeologia. Ele aponta que o Dia Mundial da Água foi instituído pela ONU para ressaltar a importância da preservação dos recursos. O Brasil tem a maior reserva hidrológica do planeta (12% da água doce), com destaque para os aquíferos Guarani (localizado no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) e Alter do Chão, na região amazônica.

Hach trabalha na iniciativa privada, no setor de extração de água em profundidades, por meio de poços artesianos, para consumo, irrigação e aplicações industriais. “Os profissionais da Hidrogeologia avaliam a viabilidade do consumo consciente da água, tanto na superfície, subsuperfície e em profundidades. São responsáveis também por dimensionar o volume de água a ser explorados sem prejudicar o ambiente”, explica Abdel Hach.

O especialista ressalta que a crise hídrica é um sinal de alerta e que ações para preservar as reservas de água devem acontecer em longo prazo. “A água dos aquíferos é muito antiga, de milhões de anos. A água das chuvas penetra no solo até chegar nos aquíferos. A recarga é bastante lenta. A água é um bem da humanidade e circula pelo planeta, sem fronteiras. Temos que pensar de maneira global para a preservação desse recurso, de maneira sustentável e consciente”, frisa Hach.

Atualmente, Abdel Hach é o representante do Crea-PR no Comitê Estadual de Segurança de Barragens do Paraná, ligado à Coordenadoria Estadual da Defesa Civil.

Recursos hídricos

A água não está relacionada apenas à vida das pessoas, mas também à economia. No Brasil, as hidrelétricas são a principal fonte de energia elétrica. Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cerca de 67% da energia gerada vem de fontes hidráulicas. A falta de chuvas afeta os reservatórios das hidrelétricas, reduz a produção de energia e leva ao aumento do uso de usinas termelétricas – e à elevação no custo da geração de energia para os consumidores.

A engenheira hídrica Josiane Mendonça Simão atua em uma empresa com sede em Maringá que presta serviços de análise e monitoramento para cerca de 200 empreendimentos hidrelétricos no Brasil, entre Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Usinas Hidrelétricas (UHE).

Josiane é responsável pela análise e validação dos dados coletados em campo por técnicos hidrometristas. “Há uma relação direta entre monitoramento e produção de energia. A partir dos dados de vazões, é possível fazer previsões de geração de energia, extremamente importantes para os concessionários”, pontua a engenheira. Os relatórios também são enviados para a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Alguns dos reservatórios monitorados são de usos múltiplos, ou seja, também utilizados para captação de água para consumo. “O monitoramento, nesses casos, serve para identificar quando o reservatório está muito baixo e o que prevalece é o uso para consumo”, explica Josiane.

Segurança

O monitoramento ainda está atrelado à segurança. No caso de excesso de chuvas, é preciso controlar o volume de água nos reservatórios. “É preciso evitar que a água ultrapasse o barramento e, ao mesmo tempo, controlar a vazão. Não se pode abrir uma comporta e liberar de uma vez, pois pode colocar em risco a vida de comunidades próximas. O monitoramento em tempo real possibilita fazer a liberação de forma gradual”, completa a engenheira.

A segurança dos projetos relacionados à infraestrutura também está ligada aos engenheiros hídricos. Nelson Pereira de Castro, por exemplo, é gerente da área de recursos hídricos de uma multinacional com foco no atendimento dos setores de energia, desenvolvimento urbano e infraestrutura hídrica, atuando em todas as regiões do Brasil, inclusive no Paraná.

O engenheiro hídrico Nelson trabalha com modelagens hidrodinâmicas. Utilizando softwares de alto desempenho como ferramentas, ele monta cenários e simula condições prováveis para estruturas hidráulicas, como barragens de mineração e de produção de energia elétrica.

“Com os softwares de modelagens, por exemplo, é possível simular as condições de vertedouro de uma barragem de mineração e verificar se o que foi dimensionado suporta a vazão de projeto, atribuindo maior confiabilidade aos empreendimentos. São ferramentas que permitem realizar avaliação atual e futura de projetos existentes e de novas estruturas, contribuindo assim com a segurança do empreendimento, da população e do meio ambiente”, comenta Nelson.

A modelagem hidrodinâmica também pode ser aplicada no diagnóstico de recursos hídricos. Nelson gerencia contratos para verificação do potencial de abastecimento de determinadas bacias hidrográficas. Os profissionais vão a campo para cadastrar nascentes e realizar medições de parâmetros físico-químicos. “Em contratos assim, trabalhamos de forma interdisciplinar em conjunto com profissional hidrogeólogo, para análise da água subterrânea”, finaliza o engenheiro hídrico.

Samara Rosenberger/Asimp  

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.