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Pesquisa vai permitir quantificar resíduos de agroquímicos em uma das regiões mais produtivas do país

Maior consumidor mundial de agrotóxicos, o Brasil conta com diversos estudos que apontam o alto grau de contaminação da produção agrícola nacional. Um deles é o relatório da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que, no ano passado, revelou que 70% dos alimentos produzidos no País contém resíduos de agroquímicos. Porém ainda são poucos os estudos que medem essas substâncias no ambiente.

O assunto foi tema de um seminário que reuniu, na quarta-feira (16), na Itaipu, técnicos das instituições parceiras e também representantes de diversas universidades, como Unesp, UFPR, UTFPR, UFRGS, Unioeste e USGS (Minnesota-EUA). O seminário antecedeu o 13º Encontro Cultivando Água Boa, que começou ontem (17), em Foz do Iguaçu.

No Oeste do Paraná, uma das principais regiões de agropecuária intensiva no País, um estudo inédito começa a ser produzido graças a uma parceria entre Itaipu Binacional, Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). O projeto irá monitorar, nos próximos dois anos, a quantidade de agrotóxicos nas águas superficiais (especialmente glifosato e antrazina).

“Esse trabalho vai permitir dimensionar essa problemática”, afirmou o diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich, na abertura do evento. “O alimento número um é a água. Todos os demais alimentos (e também a vida) dependem dela. E o contaminante número um da água é o agrotóxico”, acrescentou.

Metodologia

Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento (Ipardes), o Paraná consumiu 10,4 milhões de quilos de agrotóxicos em 2011. Na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (região de 800 mil hectares que abrange 29 municípios e que corresponde à área de drenagem da bacia do Paraná conectada com o reservatório da Itaipu), a utilização de agrotóxicos está acima da média do estado, chegando a 11,5 kg/hectare/ano. Na região, 62% do território é destinado à produção agropecuária.

Para o projeto, foram selecionadas 22 microbacias hidrográficas com perfis diversos. Algumas receberam nos últimos anos diversas melhorias para o tratamento de passivos ambientais promovidas pelo programa Cultivando Água Boa, como recomposição das matas ciliares, readequação de estradas, conservação de solos e conversação de propriedades à agricultura orgânica (sem agrotóxicos). 

Outras não tiveram nenhum tratamento. E há também uma microbacia de referência localizada no Parque Nacional do Iguaçu e que, portanto, está distante da influência das atividades agropecuárias.

Para as pesquisas, a Unila irá fornecer equipamentos (principalmente um cromatógrafo de alta resolução para a detecção dos resíduos de agrotóxicos nas amostras de água). O PTI também entra com infraestrutura (laboratórios) e R$ 300 mil em oito bolsas de estudos, sendo quatro de mestrado e quatro de iniciação científica. E a Itaipu promoverá insumos e materiais para a realização das pesquisas, além de toda a experiência em mais de 30 anos de monitoramento ambiental da região.

“Em recente avaliação da IHA (Associação Internacional de Hidroeletricidade, em inglês), a Itaipu obteve nota máxima no monitoramento da qualidade da água”, lembrou a bióloga Simone Benassi, da Divisão de Reservatório da Itaipu. 

Resíduos persistentes

Segundo a química Gilcelia Cordeiro, da Unila, as moléculas de agrotóxicos são bastante instáveis e costumam degradar em moléculas ainda mais tóxicas para a saúde humana. Essas substâncias são chamadas de metabólitos e sua identificação e quantificação estão entre os principais objetivos dessa pesquisa. 

“Esses resíduos vão para os corpos d’água e as estações de tratamento que fazem parte dos sistemas de saneamento das cidades não estão preparadas para tratar essas substâncias. Assim, as pessoas acabam se contaminando não só pelos alimentos, mas também pela água que consomem”, acrescentou Gilcelia.

Asimp/Itaipu

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