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O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, ontem (24), em Nova York, foi marcado pela agressividade e pelo tom de confronto. Ao longo de 31 minutos, Bolsonaro atacou o “ambientalismo radical”, o “indigenismo atrasado”, o socialismo, a mídia, organizações não-governamentais (ONGs) e lideranças internacionais, como os presidentes da França e da Venezuela. Ele defendeu a soberania do Brasil e uma nova política para garantir a “autonomia econômica” dos indígenas.

Bolsonaro atacou o líder indígena Raouni, que percorre o mundo fazendo críticas à sua política socioambiental, dizendo que o cacique serve de “peça de manobra” para interesses estrangeiros. Ele leu uma carta endereçada à comunidade internacional assinada pelo “grupo dos agricultores indígenas”, que apoia o seu governo. “

"A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes, alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia", afirmou Bolsonaro. “O monopólio do senhor Raoni acabou”, acrescentou.

Ele destacou que os indígenas não querem ser “latifundiários pobres em cima de terra rica” e citou as reservas minerais estimadas nos territórios Yanomami e Raposa Serra do Sol.

“Muitas comunidades estão sedentas para que desenvolvimento ocorra sem amarras ideológicas e burocráticas”, menciona um trecho da carta lida pelo presidente, que também associou a situação pobreza de povos indígenas ao “ambientalismo radical e indigenismo ultrapassado”.

Por tradição, o presidente do Brasil é responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. Bolsonaro, no entanto, deixou a diplomacia de lado. Chamou de “falácia” a afirmação de que a Amazônia é “patrimônio da humanidade” e disse que países europeus agem com “espírito colonialista” de olho nas riquezas do Brasil.

“Ela [Amazônia] não está sendo devastada e nem consumida pelo fogo, como diz mentirosamente a mídia. Cada um de vocês pode comprovar o que estou falando agora", declarou. O presidente disse que o Brasil tem 61% do território preservado e utiliza 8% das terras para produzir alimentos, enquanto França e Alemanha usam, de acordo com ele, 50% de suas terras.

Bolsonaro argumentou que o período de seca favorece queimadas espontâneas e criminosas na floresta amazônica, e que a prática também faz parte da vida tradicional de algumas etnias indígenas. “Os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia internacional devido aos focos de incêndio na Amazônia despertaram nosso sentimento patriótico, é falácia dizer que Amazônia é patrimônio internacional”, declarou.

Sem citar o nome do presidente francês, Emmanuel Macron, o brasileiro criticou a tentativa de outros líderes nacionais de intervir na questão ambiental. “Alguns países se comportaram de forma desrespeitosa e com espírito colonialista ao sugerir aplicar sanções ao Brasil sem sequer nos ouvir”, afirmou. “Agradeço a quem não levou adiante a proposta, em especial ao presidente dos EUA, Donald Trump, que sintetizou o espírito que deve reinar na ONU: respeito à soberania”, completou. “A ONU teve papel fundamental na superação do colonialismo e não pode aceitar que esta mentalidade regresse a esses corredores”, ressaltou.

Bolsonaro disse que o Brasil esteve recentemente “muito próximo do socialismo”, em alusão aos governos do PT, o que resultou, segundo ele, em uma situação de “corrupção generalizada e ataque ininterrupto aos valores religiosos”.

Embora tenha feito um discurso de caráter ideológico, o presidente criticou o que chamou de “ideologização” e o “politicamente correto”. “A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que ele nos revestiu.”

Ele citou o programa Mais Médicos (implantado pelo governo Dilma Rousseff, do PT, em parceria com Cuba e a Organização Pan-Americana da Saúde) como exemplo de trabalho escravo “respaldado por entidades de direitos humanos e pela ONU”.

Ainda disse que o Brasil combateu e venceu agentes cubanos nos anos 1960 enviados à América Latina para implantar a ditadura comunista. “Vencemos aquela guerra e resguardamos nossa liberdade”, afirmou, repetindo para a comunidade internacional a versão adotada por seu governo para se referir à necessidade da ditadura militar no Brasil.

Além de elogiar o presidente dos EUA, Jair Bolsonaro também afagou seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao comentar o compromisso brasileiro, fora e dentro da ONU, de combater a corrupção e o terrorismo internacional. “Terroristas sob disfarce de perseguidos políticos não mais encontrarão abrigo no Brasil. Há pouco, presidentes socialistas que me antecederam desviaram centenas de bilhões de dólares comprando parte da mídia e do parlamento, tudo por um projeto de poder absoluto. Foram julgados e punidos graças ao patriotismo, perseverança e coragem de um juiz que é símbolo no meu país, o Dr. Sérgio Moro, nosso atual ministro da Justiça e Segurança Pública.”, destacou Bolsonaro.

(congressoemfoco.uol.com.br)

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