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Francisco afirmou que o amor verdadeiro é a verdadeira liberdade, pois desapega da posse, reconstrói as relações e sabe acolher e valorizar o próximo

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco voltou a refletir sobre os dez mandamentos, retomando o terceiro, sobre o repouso,  sobre o qual havia começado a falar na semana passada.

Dirigindo-se aos 12 mil presentes na Praça São Pedro, Francisco começou explicando “uma preciosa diferença” existente entre o Decálogo publicado no Livro do Êxodo e aquele publicado no Livro do Deuteronômio. Enquanto no primeiro o motivo do repouso “é a bênção da criação”, no segundo é comemorado “o fim da escravidão”. “Neste dia – observa –  o escravo deve repousar como o patrão, para celebrar a memória da Páscoa da libertação”, e acrescenta:

“Os escravos, na verdade, por definição, não podem descansar. Mas existem tantos tipos de escravidão, quer exteriores como interiores. Existem restrições externas como  as opressões, as vidas sequestradas pela violência e por outros tipos de injustiça. Existem depois, as prisões interiores, que são, por exemplo, bloqueios psicológicos, os complexos, os limites de caráter e outros mais”.

“Existe repouso nessas condições?”, pergunta o Papa. “Pode um homem preso ou oprimido permanecer livre? E pode uma pessoa atormentada por dificuldades internas ser livre?”.

Misericórdia traz liberdade interior

Francisco responde dizendo que existem pessoas que, mesmo no cárcere, “vivem uma grande liberdade de espírito”. Para ilustrar sua afirmação, cita São Maximiliano Kolbe e o cardeal Van Thuan, “que transformaram obscuras opressões em locais de luz. Assim como pessoas marcadas por grandes fragilidades interiores, que porém conhecem o repouso da misericórdia e sabem transmitir isso”:

“A misericórdia de Deus nos liberta e quando você se encontra com a misericórdia de Deus tem uma grande liberdade interior e tem capacidade de transmiti-la. Por isso é importante ser aberto à misericórdia de Deus para deixar de ser escravo de si mesmo”.

A verdadeira liberdade

A liberdade de escolha, fazendo aquilo que se deseja, “não basta para ser realmente livres, e tampouco felizes. A verdadeira liberdade é muito mais”, afirma, explicando:

“De fato, há uma escravidão que aprisiona mais que uma prisão, mais do que uma crise de pânico, mais do que uma imposição de qualquer tipo: a escravidão do próprio ego.  Aquelas pessoas que parece que durante todo o dia estão se refletindo no espelho para ver o ego. E o próprio ego tem uma estatura mais alta que o próprio corpo. São escravas do ego”.

O ego, um torturador

“O ego – observa Francisco –  pode se tornar um torturador que tortura o homem onde quer que esteja e lhe causa a mais profunda opressão, aquela que se chama “pecado”, que não é uma simples violação de um código, mas fracasso da existência e condição de escravos”.

O pecado, no final das contas – explica – é dizer e fazer ego: “Eu quero isto, isto, isto e não me importa se existe um limite, se existe um mandamento, nem mesmo me importa se existe amor. Ego! Este é o pecado.” Pensemos nas paixões humanas:

“O guloso, o lascivo, o avarento, o zangado, o irascível, o invejoso, o preguiçoso, o soberbo, e assim por diante,  são escravos de seus vícios, que os tiranizam e os atormentam. Não há trégua para o guloso, porque a gula é a hipocrisia do estômago, que nos faz acreditar que está vazio. O estômago hipócrita nos faz gulosos, somos escravos do estômago hipócrita. Não há trégua para o guloso”.

E o lascivo, que deve viver de prazer, a ânsia de possuir destroi o avarento, sempre acumulando dinheiro, fazendo mal aos outros.  O fogo da ira e o caruncho da inveja arruínam as relações; a preguiça que evita qualquer esforço torna incapazes de viver; o egocentrismo soberbo escava um fosso profundo entre si e os outros.”

E as pessoas invejosas. “Os escritores dizem que a inveja deixa amarelo o corpo e a alma. Como quando uma pessoa tem hepatite fica amarela, os invejosos tem amarela a alma, porque nunca podem ter o frescor da saúde da alma. A inveja destroi”.

Celebrar no repouso a libertação em Jesus Cristo

“Queridos irmãos e irmãs, quem é, portanto, o verdadeiro escravo? Quem é aquele que não conhece repouso? Quem não é capaz de amar!”

O Senhor Jesus nos liberta da escravidão do pecado, tornando o homem capaz de amar. Assim, o terceiro mandamento nos convida a celebrar no repouso esta libertação.

O verdadeiro amor

O verdadeiro amor, portanto,  é a resposta para a pergunta “o que é a verdadeira liberdade?”:

“O amor verdadeiro é a verdadeira liberdade: desapega da posse, reconstrói as relações, sabe acolher e valorizar o próximo, transforma todo esforço em um dom alegre e torna-o capaz de comunhão. O amor  torna livres mesmo na prisão, ainda se fracos e limitados”.

Esta é a liberdade – disse o Santo Padre ao concluir –  que recebemos de nosso Redentor, Jesus Cristo.

(Canção Nova, com VaticanNews)

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