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Nas reflexões sobre a pandemia, Papa ressaltou necessidade de manter o olhar sobre os mais pobres

O Papa Francisco segue no ciclo de catequeses dedicadas à pandemia. Ontem, 19, o Pontífice enfatizou a necessidade de curar as epidemias causadas por pequenos vírus invisíveis e pelas visíveis injustiças sociais.

O Santo Padre destacou que a pandemia é uma crise e de uma crise não se sai igual, deve-se sair melhor. Se o vírus volta a se intensificar de modo injusto em relação aos pobres, é preciso mudar este mundo. “Devemos agir agora para curar as epidemias causadas por pequenos vírus invisíveis, e para curar as que são provocadas pelas grandes e visíveis injustiças sociais”.

A pandemia acentuou a situação dos pobres e a grande desigualdade que há no mundo, destacou o Papa, e diante deste cenário é preciso dar uma dupla resposta: por um lado, encontrar a cura para o pequeno, mas terrível vírus; por outro, curar o grande vírus da injustiça social, desigualdade de oportunidades, marginalização e falta de proteção para os mais vulneráveis.

“Nesta dupla resposta de cura há uma escolha que, segundo o Evangelho, não pode faltar: é a opção preferencial pelos pobres. E isso não é uma opção política, não é uma ideologia, nem de partido, não. A opção preferencial pelos pobres está no centro do Evangelho. Jesus foi o primeiro a fazê-la. Sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer, fez-se um de nós.”

Recordando a forma como Jesus viveu sua vida terrena – com humildade e sem privilégios – o Papa observou que se reconhece os seguidores de Jesus pela sua proximidade aos pobres, aos pequeninos, aos doentes, aos presos, aos excluídos, aos esquecidos, a quantos estão sem comida e sem roupa. “É o protocolo pelo qual seremos julgados” (Mateus 25). E este é um critério-chave de autenticidade cristã, explicou.

O Pontífice ressaltou ainda que a fé, a esperança e o amor impulsionam para esta preferência pelos mais necessitados, o que é a missão de toda a Igreja, e não tarefa para poucos. “Trata-se de caminhar juntos, deixando-se evangelizar por eles, que conhecem bem Cristo sofredor, deixando-nos “contagiar” pela sua experiência de salvação, sabedoria e de sua criatividade. Partilhar com os pobres significa enriquecer-se uns aos outros. E se existem estruturas sociais doentes que lhes impedem de sonhar com o futuro, devemos trabalhar em conjunto para curá-las, para mudá-las”.

Sair melhor da crise

Francisco mencionou também, na catequese, a expectativa para retomar as atividades econômicas e voltar à normalidade, destacando que as consequências sociais da pandemia preocupam a todos. No entanto, ressaltou que esta “normalidade” não deve incluir injustiça social e degradação ambiental.

 “A pandemia é uma crise e de uma crise não saímos iguais: ou saímos melhores ou saímos piores. Deveríamos sair melhores, para melhorar as injustiças sociais e a degradação ambiental. Hoje, temos uma oportunidade de construir algo diferente. Por exemplo, podemos fazer crescer uma economia de desenvolvimento integral dos pobres e não de assistencialismo. Com isso, não quero condenar o assistencialismo; as obras assistenciais são importantes. Pensemos no voluntariado, que é uma das estruturas mais belas que tem a Igreja italiana. Isso sim, faz o assistencialismo, mas devemos ir além, resolver os problemas que nos levam a fazer o assistencialismo. Uma economia que não recorra a remédios que na realidade envenenam a sociedade, tais como rendimentos dissociados da criação de empregos dignos. Esse tipo de lucro é dissociado da economia real, aquela que deveria beneficiar as pessoas comuns, e é também por vezes indiferente aos danos infligidos à casa comum.”

O Santo Padre destacou ainda que a opção preferencial pelos pobres estimula a pensar e conceber uma economia onde as pessoas, em especial os mais pobres, estejam no centro. E também a projetar o tratamento dos vírus, privilegiando quem tem mais necessidade.

 “Seria triste se essa vacina contra a Covid-19 fosse dada a prioridade aos mais ricos! Seria triste se esta vacina se tornasse propriedade desta ou daquela nação e não universal para todos. E que escândalo seria se toda a assistência econômica que estamos a observar – a maior parte dela com dinheiro público – se concentrasse no resgate das indústrias que não contribuem para a inclusão dos excluídos, para a promoção dos últimos, para o bem comum ou para o cuidado da criação. São critérios para escolher quais são as indústrias a serem ajudadas: aquelas que contribuem para a inclusão dos excluídos, para a promoção dos últimos, para o bem comum e com o cuidado da criação. Quatro critérios!”

Francisco concluiu a catequese reiterado a necessidade de agir agora para curar as epidemias causadas por pequenos vírus invisíveis e aquelas que são provocadas pelas grandes e visíveis injustiças sociais.

 “Proponho que isto seja feito a partir do amor de Deus, colocando as periferias no centro e os últimos em primeiro lugar. Não esquecer o protocolo pelo qual todos seremos julgados, Mateus, capítulo 25. Coloquemo-lo em prática nesta retomada da pandemia. E, a partir deste amor concreto, ancorado na esperança e fundado na fé, será possível um mundo mais saudável. Do contrário, sairemos piores da crise. Que o Senhor nos ajude, nos dê a força para sairmos melhores, respondendo às necessidades do mundo de hoje.”.

Canção Nova/com Vatican News

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