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Com Selic e IOF em alta, especialista lista cuidados antes de decidir por um empréstimo

A taxa básica de juros (Selic) em alta, operando atualmente em 6,25% ao ano, mas com previsão de chegar a 8% até dezembro, e o reajuste das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo Governo Federal, tornaram a busca por crédito no Brasil um desafio ainda maior para os empresários. Juntas, as duas medidas tornam o acesso a recursos em bancos e instituições financeiras cada vez mais inviável, principalmente para os financiamentos de longo prazo. Isso porque ambas encarecem o custo de captação de dinheiro.

O especialista do Núcleo de Acesso ao Crédito do Sistema Fiep (NAC), João Baptista Guimarães, avalia que o momento é de cautela. “Ano passado, diante da crise inicial da pandemia, buscar recursos para capital de giro foi a única alternativa para algumas empresas conseguirem arcar com as despesas básicas e manterem suas portas abertas”, relembra. “Agora, mesmo com a retomada gradual das atividades, alguns setores não tiveram a recuperação esperada. E, mesmo assim, muitos gestores ainda relutam em buscar crédito novamente por conta dos juros altos”, avalia.

O especialista explica que não é só a taxa básica de juros alta que impacta no custo final de um empréstimo. Outros tributos, encargos e despesas decorrentes de operações financeiras impactam no custo final concedido ao tomador. Um dos principais é o spread bancário, que é a diferença entre a taxa cobrada pelo banco e a taxa real de captação do dinheiro. No spread estão embutidos custos como manutenção da estrutura física, funcionários, o lucro que será gerado e o risco de inadimplência.

Os bancos também pagam tributos e o valor do spread cobre esses custos, como Imposto de Renda, PIS (Programa de Integração Social), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), além do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). “No fim das contas, a falta de concorrência entre os bancos no Brasil também contribui para essa conta alta”, destaca Guimarães.

Outro fato que aumentou ainda mais o custo do crédito no Brasil foi a recente elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que para as empresas saiu de 1,5% para 2,04%, e, para pessoas físicas, de 3% para 4,08%. “A medida encarece ainda mais o custo do crédito com impactos no cheque especial, no cartão de crédito e nos empréstimos”, informa o especialista.

Para as micro e pequenas empresas, mesmo opções do mercado com juros mais baixos e prazos maiores para começar a pagar, como o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), do Governo Federal, estão menos atrativas agora do que estavam no ano passado. Embora o prazo tenha aumentado de oito para 11 meses, a taxa de juros acompanha a Selic (6,25% ao ano), com acréscimo de mais 6%. Em 2020, o valor acrescido era de até 1,25%.

Na Fomento Paraná, existem condições diferenciadas para micro e pequenas empresas, com taxas a partir de 0,70% ao mês para capital de giro, com prazo de até cinco anos. Também há opções a partir de 0,63% ao mês para investimentos e aquisição de máquinas e equipamentos com prazo que pode chegar a 10 anos.

Mesmo diante da necessidade de buscar recursos, o especialista do NAC orienta os industriais a esgotarem todas as possibilidades de recuperar o equilíbrio do caixa antes de recorrerem aos empréstimos. Isso pode evitar que inviabilizem o negócio por endividamento.

Confira os cinco passos para observar antes de recorrer aos bancos:

Organizar as finanças da empresa: fazer boa gestão dos recursos, controlando fluxo de caixa com ajuda de ferramentas de análise e controle financeiro.

Recorrer ao autofinanciamento, buscando recursos dentro da própria empresa antes de tomar empréstimos. Isso pode ser feito ao otimizar custos operacionais, com redução de desperdícios, melhor gestão de estoques, ao utilizar venda de ativos ociosos, negociando preços e prazos de pagamento com fornecedores e clientes, adotando políticas de incentivo para o pagamento antecipado e reinvestindo o lucro da empresa, além de buscar aporte dos sócios.

Montar um plano de financiamento, que deve conter o valor total do financiamento e seu detalhamento por itens financiados, a que se destinam os recursos. Priorizar créditos de longo prazo, que geralmente tem condições melhores e são mais baratos.

Pesquisar o mercado e buscar instituições que ofereçam as melhores condições para sua necessidade de crédito. Além do próprio banco que a empresa tem relacionamento, ouvir bancos de desenvolvimento, agências de fomento, fintechs e cooperativas de crédito.

Ficar atento a prazos e documentos necessários e estar com todas as certidões exigidas em dia e com a documentação contábil atualizada para agilizar o processo de financiamento.

*** A consultoria do NAC é uma contrapartida da Fiep ao industrial paranaense e não tem nenhum custo.

Patrícia Gomes/Asimp

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